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Os Últimos Czares

FICHA TÉCNICA:

OS ÚLTIMOS CZARES

Produtora: Nutopia

Nacionalidade: Estados Unidos

Gênero: Documentário-drama

Lançamento: 2019

Elenco: Robert Jack,Susanna Herbert,Ben Cartwright


Em uma tentativa de humanizar os principais envolvidos na Revolução Russa, o super documentário da Netflix, misturando falas de historiadores e representações de cenas da época com atores, traz a possibilidade de seus espectadores terem uma visão atualizada deste acontecimento histórico. A pergunta é: como isso foi feito?


Os russos não deixaram falhas passarem, começando com uma imagem de um dos primeiros teasers, onde uma imagem da praça Vermelha em Moscou mostra o mausoléu de Lenin com o ano "1905" como ambientação - sendo que o túmulo do líder soviético só seria construído em 1924. Além disso, nomenclaturas do período, bem como a romantização do enredo e das cenas, deixando a história leve, também foi levado de forma desrespeitosa por eles, que consideraram um "show de imprecisões e erros para qualquer um que tenha familiaridade com a história russa" (EGOROV, Russia Beyond, 2019).


Assisti a série após terminar meu livro sobre a Revolução Russa, apesar de ele já estar no catálogo da Netflix antes - em 2019 não tive tempo para séries, só a pandemia me trouxe de volta alguma possibilidade vida de entretenimento. Enfim, sabendo o quanto a história da Rússia é conturbada e complexa, achei a tentativa de simplificar para os espectadores válida, mas também confirmo alguns desgostos. Desmistificar lendas e estereótipos sobre um povo é sempre interessante, mas fazê-lo acrescentando cenas picantes e até mesmo questionáveis, não é a forma correta.


A série trabalha em torno do casal imperial Nicolau II e Alexandra Feodorovna, narrando desde sua conturbada coroação até seu assassinato na Sibéria. A série consegue humanizar os dois monarcas, mostrando alguns de seus problemas pessoais e sua devoção exagerada na fé ortodoxa, que acaba atraindo Rasputin para dentro de seu castelo. Também trabalham os erros de Nicolau em seu governo fraco e desorientado, bem como os de sua esposa em acolher um homem místico suspeito e manipulador.


Aliás, sobre Rasputin, a lenda já alcançou patamares bem grandes, e a forma como optaram por sua humanização foi pela desmoralização. Correto ou não, isso vai dos princípios de cada um. Só acho que cenas de sexo e sedução das princesas não foram o que mais tornaram Rasputin desprezível para a Rússia. Sua forma de assassinato pelos nobres também achei que poderia ter sido melhor aproveitada.


Na tentativa também de contar as motivações da Revolução Russa e seus personagens que cruzariam o caminho da família, como Iákov Iurovski, um pouco do combate da linha oriental na Segunda Guerra Mundial é aberto ao público. Isso creio que foi interessante, pois pouco se fala de como este lado da batalha foi igualmente árduo. Somente se foca na linha de combate ocidental - Inglaterra, França, Alemanha, etc - e pouco se lembra como este foi um ponto decisivo para a queda do tsar.


A confusão dos palácios também me incomodou um pouco. Tsarkoie Selo e o palácio de Inverno não foram bem definidos durante o percurso da história dos Romanov, o que me deixou um pouco confusa.


Mas também devemos admitir que existem informações mais pessoais sobre a família imperial russa que não sabemos, bem como de personagens mais desconhecidos que poderiam falar mais a respeito. Essa escavação é um trabalho para os historiadores, e que as produções cinematográficas deveriam respeitar com mais afinco - sempre defenderei contar a História com H maiúsculo com o máximo de cuidado.


Enfim, minha conclusão a respeito da série é que para atiçar o interesse das pessoas a respeito da Rússia, é uma boa pedida, com uma pitada de romance de época por parte do amor de Nicolau e Alexandra, que se casaram por realmente estarem apaixonados. Também há cenas de combate para quem esperar isso de uma narrativa que aborde o tema de guerra. E em nem tudo está errado, pois os erros do tsar, por mais que pudessem ser aprofundados, foram mostrados. Em algum momento, nota-se a perda do foco em trazer a parte documental para olhar apenas o drama.


Percebemos que ainda sabemos pouco sobre o leste europeu, e, em especial, a Rússia. E mesmo que essa série tenha erros, ainda é um começo...



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