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Além do Guarda-Roupa - Identidade e Hallyu

FICHA TÉCNICA:

ALÉM DO GUARDA-ROUPA

Nacionalidade: Brasil

Direção: Marcelo Trotta, Paula Kim

Gênero: Drama Adolescente

Lançamento: 2023

Elenco: Sharon Blanche, Kim Woo-Jin, Kim Jin-Kwon



Durante a minha pesquisa sobre a identidade coreana após a Hallyu, durante o ano de 2023, descobri o K-drama "Além do Guarda-Roupa, lançado em julho de 2023. Porém, só soube em outubro, e infelizmente só consegui assistir em maio de 2024 (questões logísticas e geográficas hehehe). A produção veio bem a calhar junto com o aniversário de 60 anos da Imigração coreana no Brasil.


O enredo divido em 10 episódios gira em torno da personagem Carol, uma jovem descendente de coreanos (por parte de pai) e brasileiros (por parte da mãe), que, depois de se ver orfã, vive com a tia e a prima em cima do café da família, no bairro do Bom Retiro, em São Paulo. Sua vida parecia bem pacata e com problemas o suficiente - como gerenciar sua rotina trabalhando na cafeteria e tentar realizar seu sonho de ser bailarina profissional como a mãe -, até o sucesso da Hallyu chegar, e forma do grupo de K-Pop ACT.


A escola de Carol é inundada por fãs da cultura Pop coreana e logo ela é estereotipada como descendente coreana, recebendo mais atenção do que deseja, e o tipo errado de atenção: "Você fala coreano?", "Tem alguma banda ou dorama coreano para indicar?", "sabe fazer skincare coreana?"... Ela se vê perseguida pela Onda Pop Coreana e deseja não se relacionar com essa cultura que, acredita, não representá-la ou ter a ver com sua identidade fragmentada. Até que... através de um portal mágico em seu armário, Coreia e Brasil se conectam, e o idol Kyun-Min sai para o quarto da garota, também fugindo dos holofotes da fama, em busca de inspiração.


A relação de Carol com o idol demostra a interação entre descendentes e essa nova referência identitária que foi colocada a venda para o mundo, mas que não possui alternativa de escape. Ao mesmo tempo que Carol precisa escondê-lo do resto do mundo, ela pede a ajuda do cantor para vencer um concurso de dança em que, durante cada etapa irá aprender mais sobre si mesma - suas habilidades, sua perseverança, sua capacidade de superação e, por fim, a mais importante: sua identidade.


A série, de forma fantasiosa além da mágica, expõe a relação da imigração coreana com esse boom da cultura pop coreana, e como impacta a rotina dos descendentes, especialmente os mais jovens. Entretanto, demonstra como agora a Hallyu também faz parte desta identidade coreana e que, apesar de tudo, é preciso aprender a ter uma convivência com ela, tal qual Carol e Kyun-Min que, no final, se entendem e se vêem como parte do sucesso um do outro.


Além do enredo, a produção supera pelo elenco e direção formados por brasileiros, coreanos e descendentes, que conseguem captar perfeitamente os dois lados culturais, bem como suas referências. E com um toque gentil, São Paulo, uma selva de pedra, é apresentada à banda de K-Pop fictícia além da sua megalópole, mas também um lugar que abraça outras culturas de forma própria. E isso é positivo para nós, demonstrando que o Brasil é mais que Rio de Janeiro e Carnaval.



Por fim, a abordagem de dois país tão distantes, de lados opostos do mundo, mas que se conectam pelos descendentes e cultura massificada se torna mais humana pela ficção. Afinal será que todo coreano gosta de K-Pop? E será que todo idol gosta da fama? O quão fabulado é esse universo além das telas?


Como pesquisadora, esse dorama me inspira a ver esse hibridismo entre Brasil e Coreia do Sul como mais um produto para o público Latino-Americano. E como dorameira, eu adorei a representação do meu país, também demonstrando que não é apenas a Coreia do Sul que busca visibilidade cultural e midiática, mas o Brail também quer essa atenção.




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