Desde o ano passado...
No final de 2018, foi feito aqui no blog um pedido de socorro para os nossos leitores diante do cenário nacional da literatura (https://www.arosaeoflorete.com/single-post/2018/11/30/A-Literatura-no-Brasil-pede-Socorro). Desde então, algumas coisas mudaram, e outras não...
A principal vitória para nós que estamos preocupados com o mercado editorial do país foi o arquivamento feito no começo do ano da PL 3347/2015 (https://www.camara.leg.br/proposicoesWeb/fichadetramitacao?idProposicao=2023908), que obrigava as editoras a disponibilizar a versão digital do livro, após sua compra física para a pessoa jurídica que o adquiriu, sem custo adicional, sem se preocupar com os direitos autorais e contratuais do escritor e da editora. Um motivo para comemorar, mas também para mantermos os olhos bem abertos quanto ao que está acontecendo na câmara dos deputados, e seus projetos para o país. A pesquisa popular ajuda a barrar essas "ideias".
A situação não melhorou...
Ainda são registradas quedas no mercado de livros nacional. É o quinto ano consecutivo (2018) que isso vem acontecendo. A pesquisa feita a pedido do SNEL (Sindicato Nacional dos Editores de Livros ) e a CBL (Câmara Brasileira de livros) não levou em consideração os E-books, e avaliou a venda dos livros físicos em seis subsetores, e em todos houveram quedas, tanto na venda quanto a produção de exemplares. O mais relevante deles que é de obras gerais, que leva em consideração ficção e não ficção, e avalia os hábitos de leitura da população, caiu 6,8% em relação ao ano anterior. E 2019 não promete ser melhor...
As livrarias, por mais que ainda representem uma amostra importante no canal de distribuição de vendas, perderam certo espaço e prestigio, talvez por falta de reposição de seus estoques em loja, atendimento e/ou preço competitivo. Saraiva e Cultura buscam recuperar o prejuízo através do pedido de recuperação judicial e redução de lojas. Tanto o publico quanto os funcionários reclamam da postura das empresas.
As editoras, por outro lado, tendo uma neblina a sua frente, publicaram menos, e priorizaram impressões de pequenas tiragens e livros que já possuem potencial competitivo dentro do mercado, além dos bestsellers internacionais que já possuem compra garantida, (e prejudicam a visibilidade dos livros nacionais), e sem nenhum interesse em publicar novos títulos (má notícia para os novos autores).
E o preço? só subiu!! E em todos os setores da literatura. Foi isso que os leitores pagaram? Talvez, mas foi o que as editores ganharam com as vendas, e média.
E atenção: A coisa só não foi pior porque O GOVERNO comprou mais livros para repor em bibliotecas e escolas públicas, e não porque NÓS LEITORES nos mobilizamos.
Outras opções...
Com o cenário negativo das grandes livrarias do país, as editoras tem optado por buscar novos canais de distribuição, o que fez com que estes tivessem um crescimento em 2018. Livrarias pequenas e independentes, os próprios sites das editoras e outras opções de vendas para o leitor pelas editoras tem sido uma opção para que os livros cheguem em mãos do seu público com menos problemas e burocracia, e que as editoras recebam esse valor sem mais demora.
A escolha de livrarias menores pode ajudar a incentivar livreiros pequenos e que também precisam desse apoio para seguir no mercado. Faça contato com aquelas livrarias do seu bairro e veja o que elas tem a oferecer. As vezes, aquele livro que você não acha da Cultura ou Saraiva tem lá.
Quanto aos exemplares que não foram reimpressos e que você queria tanto adquirir, é sempre bom tentar entrar em contato com a editora ou com o autor. Isso demonstra o interesse no mercado naquele título e pode ajudar um autor a ser reimpresso. Caso ainda assim não consiga, tente um sebo, que também precisam sempre de leitores dispostos a salvar livros usados.
Concorrência desleal...
Vivemos no mundo do imediatismo e da internet, e por isso, muitas vezes preferimos a Amazon do que as livrarias, com desculpa de entregas rápidas e bons preços. Concordemos que o mercado brasileiro está ruim, mas se nós nãos dos dispusermos a nos ajudar, nada vai mudar. A Amazon não é brasileira, eles não compram os livros em consignado. Traduzindo: Eles compram um lote grande de livros, e negociam um preço baixo absurdo com as editoras, porém a chance dos editores receberem o valor da compra por completo é mínimo, pois o preço que os livros são vendidos não compensa, o que deixa as editoras e os autores em prejuízo. Não estamos sendo justos com nós mesmos!
Não podemos desistir!
A missão de salvamento da literatura nacional cabe a nós, leitores. E convenhamos, estamos fazendo isso muito mal... Precisamos melhorar a apoiar nossos autores, nossas livrarias e editoras. Uma mão lava a outra. Um não vive sem o outro. E o mercado editorial está em crise porque o Brasil não quer saber de ler! É triste, porém real!
Para incentivar, deixamos aqui as palavras de Vitor Tavares, presidente da CBL, no dia internacional do livro:
"Que o livro, instrumento para transformação de pessoas, nos inspire a transformar o mercado"
Essa é para você, leitor brasileiro!!!