Que a França é o "país da moda", todo mundo já confirmou esse estereótipo, e sabemos como as passarelas em Paris sempre trouxeram novidades e mudaram os conceitos do que é se vestir com classe, através do nome de seus grandes estilistas. Entretanto, até mesmo na moda, a Revolução Francesa trouxe grandes mudanças em 1789, e que, diferente dos dias de hoje, colocaram o luxo antes como algo retrogrado.
Rococó e Luís XIV - Antes da revolução
Antes da revolução estourar, ou sequer dar seus indícios no reinado de Luís XVI, devemos ao reinado de Luís XIV, ou mais conhecido como o rei Sol, que trouxe esse foco de moda para a França, mas não Paris como capital, e sim Versalhes.
Luís XVI queria controlar sua corte, e fazer o que fosse preciso para fê-los ao alcance de seu poder, em Versalhes. Entretanto, mesmo com os benefícios que oferecia, muitos da corte francês não queriam, a principio, se mudar para o novo e enorme palácio do rei. Então, para reverter essa situação, Luís XIV precisou colocar sua tática de persuasão, mudando o foco das novidades e atualidades para seu paraíso reluzente e fazer com que esquecessem Paris (podemos dizer que aqui surgia um primeiro trabalho de comunicação e publicidade na história). Assim, entre muitas outras coisas, Versalhes ditaria a moda da corte francesa e influenciaria a Europa.
Nascia o Rococó (derivado da palavra Rocaille, que em francês significa concha), um estilo novo no nível da arte que derivava do Barroco, porém com menos tons escuros, substituído por tons pastéis, algo mais leve e intimista. Ele seria adaptado com o passar dos reinados de Luís XV e Luís XVI, em especial, com a chegada de Maria Antonieta, que colocou com mais força essa visão artística na moda que usava em seu dia a dia na corte, como uma forma de ganhar voz, afinal, os vestidos eram a expressão das mulheres naquela época.
O bucólico, retratos do cotidiano da nobreza, tons claros, menos jóias, mais laços e rendas, era, resumidamente, a composição da imagem do Rococó, tal como a ultima rainha francesa que era retratada apenas com uma fita de cetim em seu pescoço e o rosto branco por conta do pó de arroz. A simplicidade artificial criada no Rococó não representava a realidade da França, pois as roupas também classificavam as classes sociais.
Viva la France! - Depois da Revolução, 1789
Com a queda da Bastilha e o fim da monarquia se aproximando, o luxo e o estilo de Versalhes saía de moda. Se vestir com simplicidade e sobriedade, era o que representava o patriotismo pela verdadeira França, e evidenciava os revolucionários. O vestuário e as cores que o compunham construíram um código para que se identificasse os cidadãos franceses a favor contra as mudanças no país. E, as vezes, um erro nesse código, poderia significar a morte.
O uso das cores, azul, branco e vermelho se tornou obrigatório nas roupas, sem excessão. Poderia fazer parte de todo o figurino, ou apenas a roseta em evidencia no chapéu de feltro ou no vestido, no caso das mulheres, ou a adição do sash tricolor por cima da casaca preta, no caso dos homens. Além disso, tecidos mais básicos também foram aderidos, como o algodão.
Com a aproximação do radicalismo de Robespierre, que desencadearia o Período do Terror da revolução, o roseta tricolor se tornou item obrigatório para todos os cidadão que não quisessem perder suas cabeças na guilhotina. A ausência desse item significaria traição nacional.
Ou pior, se usasse as cores preto e amarelo, se evidenciava o apoio aos antigos monarcas, logo, você era um monarquista. motivo: preto e amarelo se tornaram um código para quem ainda era a favor da coroa, pois eram essas as cores da família Habsburgo (a casa real de Maria Antonieta), e o preto representava o luto pela morte do rei e da rainha. Outras cores ganharam a mesma fama: verde (a core da casa do duque d"Artois, irmão do rei) e púrpura (contra revolucionários).
Na época da revolução a moda não perdeu sua força, na verdade, podemos dizer que se tornou ainda mais forte e significativa, já que poderia assegurar sua segurança como um revolucionário ou sua morte, caso julgado como monarquista, pelo estilo e pelas cores que vestia.
fonte: http://shdestherrense.com/home/2017/07/29/moda-revolucao-francesa/